sábado, 4 de agosto de 2012

A FLORA DO CERRADO


A FLORA DO CERRADO - TRABALHO ESCOLAR

“Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador... O Urucuia vem dos montes oestes. Mas, hoje que na beira dele, tudo dá – fazendões  de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas há lá. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães,é questão de opiniães... O sertão está em toda parte... O sertão é do tamanho do mundo...”
                                    J.G. Rosa

Assim, o renovador da linguagem literária, o escritor brasileiro João Guimarães Rosa, na década de 50, reproduz o Cerrado:
- Do tamanho do mundo pois é tão extenso, do tamanho do mundo pois é tanta diversidade da flora que encerra!...
Essa imensidão que ocupa 23% do território brasileiro não possui uniformidade de fauna e de flora. Ao possuir fronteiras limítrofes com outros biomas do Brasil. O cerrado se enriquece com espécies que são características  de outros biomas. Da Amazônia, da caatinga, do Pantanal, da Mata Atlântica, as espécies estendem-se para os cerrados e confundem-se com as espécies de sua flora nativa. São nessas faixas de transição que os biomas se entrelaçam, emprestando ao Cerrado características variadas, tornando-o tão diversificado, tão imenso.

Aos poucos, à medida que o solo e o clima se definem, o Cerrado mostra suas características próprias. A flora diversificada da região agrupa-se em ambientes diferentes, originando paisagens de aspecto fisionômico distinto numa mesma região. Ao descobrir o cerrado, um observador atento vai detectar esses aspectos distintos em sua vegetação. Ora, uma área formada de arvores baixas com galhos volumosos, cascudos e retorcidos, e uma folhagem rala, constituídas de folhas grossas, é vizinha de campos limpos, onde arbustos são escassos e arvores inexistentes.
Outras vezes, áreas imensas, onde predominam arbustos e  vegetação herbácea, chocarri com a exuberância de uma vegetação mais densa, de arvores altas, situada ao longo de  rios e vales supostamente férteis. E os buritis – Mairilia vinifera -, numerosos em áreas de arvores esparsas em campos sem arbustos ou arvores.
Localizado no Planalto Central brasileiro, o Cerrado ocupa uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados. Cerca de  90% de seus solos são de uma fertilidade extremamente baixa e apresentam elevada acidez e toxidez, pela alta concentração de alumínio.

A temperatura media anual é de 21,6 ºC; media mais elevada de temperatura, registrada no mês de novembro, é de 25,5 ºC; a media mais baixa, registrada em julho, é de 12,6 ºC. A região goza de uma media de 218 horas do céu azul por mês, variando entre 303 horas em agosto e 125 horas em dezembro.
A distribuição temporal das chuvas é a característica  agrometeorológica mais importante do Cerrado – a estação chuvosa, com cinco a sete meses de duração – de novembro a abril – concentram até 90% das precipitações. Na estação seca – maio a outubro – as chuvas são escassas.

Na estação das águas, as chuvas torrenciais ou as “criadeiras”chegam mudando a paisagem. Do marrom acinzentado e do aspecto de abandono do Cerrado,  renasce numa beleza latente. Verde de todos os tons brotam nos arbustos, cobre os galhos nus de arvores troncudas; gramíneas, leguminosas e compostas ressurgem do solo seco e empoeirado. O Cerrado parece cantar novamente, é uma sinfonia de verdes e o sertão se embeleza mais uma vez. É quando exibe sua rica diversidade de espécies.

O Pau Santo, o Araticum, o Murici, entre outras tantas espécies, misturam o colorido de suas flores à massa verde suntuosa dessa época chuvosa.
Quando maio se aproxima, o verde vibrante do Cerrado vai se desbotando, muitas espécies perdem suas folhas, as gramíneas, as leguminosas e as compostas secam – a  sinfonia verde aquieta-se. Parece que o Cerrado morre, mas não; nessa imensidão, onde o ocre acinzentado predomina, surgem cores vibrantes em arvores de galhos secos,escuros e retorcidos, em hastes minúsculas próximas ao chão esturricado, brotam flores miúdas de beleza impar.
O colorido dos Ipês , dos Buritis e das Cagaitas são os testemunhos de vida na vastidão ressecada com aspecto de abandono.

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